Túmulo da Negra da Noite

O “Túmulo da Negra da Noite” encontra-se em Campo de Sobradinho, a 8 km da cidade de Passa Sete, na volta de um corredor à beira da estrada, cuidado pelos andantes que ali passam e pelos seus devotos, que comparecem até hoje e principalmente no dia de Nossa Senhora Aparecida, a fim de pedir uma graça e fazer promessas ou depositar suas oferendas, como penhor da graça alcançada. Há, inclusive, uma festa local: “Festa da Negra da Noite”, acompanhada de uma procissão da comunidade. A devoção à Negra da Noite remonta ao século 19, e refere a uma benzedeira chamada Guilhermina que morava na propriedade de João Batista da Silva entre 1800 e 1860. Ela trabalhava nos afazeres domésticos para os moradores da região, era benzedeira, parteira e fazia remédios caseiros. Comenta-se que no inicio da Revolução Farroupilha de 1835, quatro jovens que fugiram da guerra tiveram da Negra proteção em sua morada, permanecendo ali durante alguns anos. Ela tornou-se cozinheira dos rapazes, sendo amiga, mãe e protetora, até o desaparecimento misterioso deles. Tempos depois do desaparecimento dos mesmos, ela foi encontrada morta, enforcada em uma árvore próxima de sua casa. Diante disso, pessoas afirmam que ela enforcou-se devido à solidão. Outros dizem ter sido enforcada em culpa do desaparecimento dos rapazes. 

LENDA DA NEGRA DA NOITE

A Negra da Noite era uma preta velha, chamada apenas por Guilhermina, que morava em Campo de Sobradinho, município de Passa Sete, e viveu por volta de 1770 a 1845 na propriedade de João Batista da Silva, em um caramanchão ali existente, o qual servia de rancho. Vagueia pela região, muitas vezes à noite, sem incomodar ninguém.

A Negra da Noite era uma pessoa bondosa, serviçal nos afazeres domésticos para os moradores da região, também benzedeira, parteira, conselheira e que curava através de remédios caseiros.

Comenta-se que, no início da Revolução Farroupilha, Guerra Civil de 1835, apareceram quatro rapazes que fugiram da Guerra e tiveram na Negra proteção em sua morada, permanecendo ali durante a Revolução. Nessa época, dizem que ela tornou-se cozinheira dos rapazes, sendo amiga, mãe e protetora.

De repente, os rapazes desapareceram sem que ninguém mais os visse ou soubesse o que teria acontecido com eles, ficando apenas a Negra sozinha em seu rancho.

Tempos depois do desaparecimento dos mesmos, ela foi encontrada morta, enforcada em uma árvore perto de seu rancho.

Diante disso, afirmam certas pessoas que ela enforcou-se devido à solidão. Outros dizem ter sido enforcada em culpa do desaparecimento dos rapazes.

Seu túmulo encontra-se em Campo de Sobradinho, na volta de um corredor à beira da estrada, cuidado pelos andantes que ali passam e pelos seus muitos devotos, que comparecem até hoje e principalmente em dia de finados, a fim de rezar, pedir uma graça, fazer promessas ou depositar suas oferendas, como penhor da graça alcançada.

A devoção começou através da família Ramos Batista que rezava o terço com os vizinhos, sobre a sepultura, e pediam graças sendo sempre alcançadas. Assim espalhou-se a lenda e a devoção das outras famílias e que foi sendo transmitida, tornando-se uma crença popular.

As pessoas realmente acreditam que a Negra da Noite seja milagrosa, mesmo sem conhecerem, muitas vezes, a sua história. Sua crença é viva e praticada.

A maioria dos pedidos feitos se prendem a problemas de doenças, problemas familiares, trabalho, de amor e situação financeira.

As promessas são pagas de diversas formas: com velas, com flores, orações, terços, coroas, dinheiro, frutas, doces, bebidas, pintura do túmulo ou da ermida. A grande maioria não revela o seu pagamento pela graça alcançada.

A visitação à sepultura continua com fervor, daqueles que nele, acreditam animados pela fé que realiza milagres.

Autor: Derli Régis Carniel

Fonte Sobradinho construindo sua história, Lizandro de Lima Rocha, Rosemari Heringer, Sara Wachholz, Sobradinho 1° ed. Centro Serra, 2015, pág.:125

MUSICANTO E A NEGRA DA NOITE

A lenda da Negra da Noite foi homenageada, através da composição de uma música, no MUSICANTO 2002 – 18º Festival Sul-Americano de Nativismo, ocorrido em novembro de 2002, na cidade de Santa Rosa, RS. Na oportunidade, a “Negra da Noite”, música de Sadi Ribeiro com a letra de Edio Giacomeelli e ritmo de Rasquido Doble, foi interpretada pela voz da cantora Maria Luiza Benites.

“NEGRA DA NOITE”

Letra: Edio Giacomelli

Música: Sadi Ribeiro

 Ritmo: Rasguido Doble               Origem: Santa Rosa e Alecrim RS

Campeando lonjuras por sobre as coxilhas,

De vestes surradas, cabelos de geada.

Pisando descalço, agudas flexilhas,

Vagueava sozinha na noite estrelada.

O negro das sombras guardava os segredos,

Até mesmo escondido, da luz do luar;

Criando mistérios, angústias e medos,

Que o tempo parece esqueceu de explicar.

Senhora da noite, que andava mansinho,

Por muitos caminhos, há tempos atrás.

Se, tinha motivo pra dar seu carinho,

Espero que encontres também sua paz.

Um dia partiste, sem dar despedidas,

Deixando ao vento o aceno do adeus,

 Levando consigo, pra além dessa vida,

A alma bondosa que a Irmãos acolheu.

Se hoje te buscam, na ânsia das preces,

 Romeiros aflitos cansados dor.

Vêem no céu – na bruma que desce,

 seu manto de alento, de ternura e de amor!

Senhora da noite, que andava mansinho,

 Por muitos caminhos, há tempos atrás.

Se, tinha motivos pra dar seu carinho,

 Espero que encontres também sua paz.

Senhora da noite, uma vela pra ti,

 Pequeno luzeiro das noites sem fim.

Procuro a fé que há muito perdi,

E os sonhos da infância que havia em mim.