HISTÓRICO:
Passa Sete tem sua história intimamente ligada aos viajantes da nossa terra, pois foi local de passagem para quem se deslocava de Rio Pardo a Passo Fundo, nos séculos passados.. O nome que deu origem ao Município foi o arroio localizado no local hoje denominado Baixo Passa Sete. Nessa localidade, segundo antigos moradores, os viajantes que por ali passavam, a partir de 1820, tinham que cruzar o referido arroio por sete vezes, o que motivou que chamassem de Passa Sete aquele trecho de estrada íngreme, entre montanhas. Em 19 de agosto de 1935, com a criação do Cartório Distrital de Passa Sete, para atender a população do 4º Distrito do município de Jachuy (hoje Sobradinho), o local onde se instalou passou a ser denominado de Sede Passa Sete. Com o desenvolvimento de Passa Sete, então distrito de Sobradinho, em 1990 começou um movimento emancipacionista, com projeto de criação sancionado em 28 de dezembro de 1995. E sua instalação aconteceu em 1º de janeiro de 1997. A partir de então, a população de Passa Sete, através de seus eleitos, passou a gerir os destinos desse novo município que vem registrando um expressivo desenvolvimento.
O Movimento Emancipacionista
Dois foram os principais fatores que motivaram o movimento emancipacionista de Passa Sete: de um lado, o desenvolvimento econômico do Distrito, uma comunidade operosa, com vontade de progredir. De outra parte, as sucessivas administrações do Município de Sobradinho, sempre aplicando no Distrito bem menos do que o arrecadado com sua produção. Vendo o progresso alcançado em Arroio do Tigre, também ex-distrito e mais recentemente Ibarama e Segredo, alguns líderes de Passa Sete decidiram iniciar um movimento em busca, também, de sua emancipação. E a primeira reunião aconteceu dia 20 de abril de 1990, na sala três da Escola Estadual Cristo Rei, tendo como convidados João Fernando Mainardi, prefeito eleito de Segredo e seu secretário Bernardo Pedro Rizzi, os quais falaram sobre a experiência vivida com a emancipação daquele Distrito. E como ironia, pelo descaso das autoridades administrativas do Município e do Estado, a referida reunião acabou acontecendo, a maioria, sob a luz de velas, uma vez que chovia e, como de costume, faltava luz a cada instante.
Uma segunda reunião aconteceu dia 18 de agosto de 1990, no mesmo local, ocasião em que foi constituída a Comissão Emancipacionista, integrada por Bertino Rech como presidente, Danilo de Souza vice-presidente, Secretário Lorenço Durante, segundo Secretário Dalcides Loebens, tesoureiro Vanderlei Batista da Silva, segundo tesoureiro Danilo Gonçalves da Trindade , conselho fiscal integrado por Amélio Derli Gonçalves, Dejanir Cardoso, Vicente Bernardy, Ilo Job Lisboa, João Carlos Goelzer e Eloi Kipper, tendo como suplentes Irineu Segatto, Gerson Loch e José Alzemiro Alves. Importante ressaltar que 121 pessoas participaram dessa reunião.
Os trabalhos da Comissão Emancipacionista foram no sentido de preencher todos os requisitos necessários à aprovação do Projeto pela Assembléia Legislativa. Após ter passado, com aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça do Parlamento Gaúcho, conforme consta em ata, lavrada aos 9 dias de agosto de 1991, os líderes emancipacionistas foram surpreendidos por manobras políticas oriundas em Sobradinho, que motivaram a rejeição do plenário ao projeto de emancipação de Passa Sete.
Apesar da decepção, os líderes emancipacionistas deixaram claro que a luta continuaria. E, de fato, continuou. Porém nova reunião oficial só veio a acontecer dia 9 de dezembro de 1994, também na Escola Cristo Rei, em Passa Sete, quando uma nova diretoria foi constituída, sendo integrada por Vanderlei Batista da Silva na presidência, Bertino Rech de vice-presidente, secretário Ilo Renato Moraes, segunda secretária Clarice Dalmolin Wagner, tesoureiro Ledir Pavanatto, conselho fiscal integrado por Danilo Gonçalves da Trindade, Ivo Silveira de Moraes, Derli Gonçalves, Vicente Bernardi e Lauro Boer, tendo como suplentes Lourenço Durante, Dejanir Cardoso da Silveira, Bruno Busatto, Dalcides Loebens e Victor Petry. A reativação do movimento contou com expressiva presença de 150 pessoas, representando as diversas comunidades do Distrito. A partir de então, a estratégia de ação passou a ser outra, mobilizando as lideranças de todos os recantos de Passa Sete, através da formação de sub-comissões, as quais ficaram carregadas de esclarecer a população sobre o movimento e seus objetivos, bem como as vantagens de o Distrito tornar-se independente de Sobradinho. A par dessa iniciativa, a Comissão preocupou-se atentamente com a documentação exigida pela Legislação, bem como pelo convencimento dos deputados que iriam decidir na hora de apreciarem o Projeto. A tramitação do processo de emancipação foi acompanhada passo a passo, através de sucessivos contatos pessoais ou por telefone com os deputados que estavam tratando da matéria. E, finalmente, depois de cumpridas todas as etapas, Passa Sete viu seu Projeto aprovado pela Assembléia Legislativa, com voto, inclusive, de deputados que em oportunidade anterior tinham se manifestado contrários. A notícia foi recebida com festa, porém, festa maior aconteceu após a realização do plebiscito, quando 1992 eleitores disseram sim à emancipação e apenas 300 foram contrários dos 2008 eleitores que compareceram para votar, pois o voto não era obrigatório. Houve 4 votos em branco e 12 nulos e a abstenção foi de 36,3%. Passada a etapa pré-emancipacionista, um novo processo na história de Passa Sete passou a se desdobrar: a eleição para escolha do seu primeiro prefeito, vice-prefeito e vereadores.